Sophia Costa
UMA PRETA PELO MUNDO
Atualizado: 13 de jan. de 2020
Quem sou eu, como eu cheguei até aqui e como esse vai ser o canal pra inspirar você e muitas outras pessoas a viajar pelo mundo.

Olá, mundo! Nem estou acreditando que esse sonho nasceu. Deixa eu me apresentar: meu nome é Sophia Costa, mulher negra, 25 anos, publicitária, fotógrafa, mestre em Direitos Humanos, personal traveler e nômade digital. Sou um passarinho apaixonado pela liberdade e não consigo me ver por muito tempo parada em um só lugar. Sou de Brasília, já morei em Moçambique e na Argentina. Atualmente estou passando dois meses no Brasil enquanto me preparo pra embarcar para o meu próximo destino/país/continente/aventura.
A ideia desse blog não é ser um blog de dicas e roteiros, te ensinando como chegar em em um determinado destino ou o que fazer nesses lugares, até porque já tá cheio desses blogs por aí. A ideia aqui é te inspirar, plantar a sementinha da viagem e fazer com que você queira viver experiências incríveis, que vão muito além de dar check nos pontos turísticos. Quero que, através das minhas vivências, vocês se sintam inspirados e com vontade de viajar e desbravar esse mundo.
Além disso, quero mostrar também que pessoas negras viajam! Isso mesmo, apesar de ainda sermos minoria nesse meio, existe algo chamado black travel movement, que tem o objetivo de compartilhar corpos negros viajando por esse mundo. Fazemos parte da diáspora Africana que está redesenhando sua história e criando novos estilos de vida e maneiras de existir. As experiências de ser uma mulher negra viajando sozinha por esse mundo serão abordadas aqui também.
COMO TUDO COMEÇOU

Minha paixão por viagens começou totalmente sem querer. Sabe aquela história de pessoas que, desde criança, sempre tiveram o sonho de viajar e conhecer o mundo? Então, comigo não foi assim. Eu nunca fui uma dessas pessoas. Vinda de uma família sem tantos recursos, viajar “para fora” sempre pareceu algo pertencente a uma realidade muito distante da minha. E, de fato, era. Me lembro do primeiro semestre da faculdade, em que estávamos reunidos umas 20 pessoas e alguém começou a dizer qual era o seu brinquedo preferido da Disney. Então todas as pessoas da roda, uma por uma, começaram a dizer quais eram os seus brinquedos preferidos. Menos eu. Eu fiquei ali, parada, chocada com o fato da minha realidade ser tão diferente da realidade das outras pessoas.
A primeira vez que eu entrei em um avião foi em 2014, dois anos depois dessa cena e já com 20 anos de idade. Antes disso, as poucas viagens que eu tinha feito foram com a minha família, de carro e para não muito longe de casa.
Quando chegou a época de fazer o TCC, eu decidi que queria fazer algo que fosse igualmente incrível e relevante. Decidi unir minhas duas maiores áreas de interesse: fotografia e questões raciais. E foi aí que surgiu a ideia de fazer uma exposição fotográfica sobre a construção da identidade da mulher negra, focando no cabelo (meu bebê, Raízes). A questão identitária é algo muito sensível para a mulher negra e eu queria que esse projeto chegasse ao máximo de pessoas possível. E assim nasceu a ideia de fazer uma exposição fotográfica.
RAÍZES

Inicialmente, iria ser apenas uma exposição, para apresentar o TCC, mas, como tudo na minha vida, as coisas tomaram uma proporção inesperada. Vários jornais e portais de Brasília, do Brasil e do mundo (alô, Afropunk) começaram a publicar matérias sobre a exposição e sobre a temática. Logo, comecei a receber vários convites para levar a exposição para vários lugares diferentes. E foi assim que a exposição aconteceu 7 vezes em Brasília, uma vez no Rio de Janeiro e uma vez em Maceió. ATÉ QUE um belo dia, completamente do nada, uma pessoa me manda uma mensagem no Instagram me convidando para levar a exposição para Berlim, na Alemanha (!!!!). O Instituto que me convidou é voltado para mulheres negras migrantes, porém me avisaram que, infelizmente, por serem pequenos, não conseguiriam me levar fisicamente para apresentar a exposição.
MEU TCC ME LEVOU PRA EUROPA
Pois bem, eu ainda sem acreditar direito, fiz um contrato bonitinho, a representante do instituto assinou, organizamos as datas e eu mandei os arquivos. Acompanhei a impressão no tamanho correto e a organização, tudo à distância. Quando faltava apenas um mês para a exposição, finalmente decidi contar para alguns amigos o que estava acontecendo. Eles perguntaram se eu iria também e a resposta, que vocês já sabem, infelizmente era não. Eu tinha acabado de formar, não tinha emprego e meus pais não tinham condições. E foi então que esses amigos tiveram a brilhante ideia de fazermos uma vaquinha online.

E, contra todas as possibilidades, não é que deu certo? Em menos de um mês eu já tinha arrecadado todo o dinheiro que pagaria as passagens, o passaporte e minha estadia por 15 dias. Foi uma loucura completa. Um MONTE de gente me ajudou: amigos, pais de amigos, família e gente que eu nunca vi na minha vida. Foi lindo ver tanta gente mobilizada em prol de um projeto que eles acreditavam (o meu projeto!!). Isso me fez perceber que o mundo tem muita gente boa sim e que eu poderia acreditar nos meus sonhos.
E bem, tooooooda essa introdução pra contar pra vocês como a primeira vez que eu viajei sozinha foi completamente não planejada e sem querer. Foi uma das melhores experiências da minha vida e dizer que abriu minha cabeça é pouco. Acho que o termo mais correto seria explodiu a minha cabeça! Foi nessa viagem que eu descobri algumas paixões: conhecer o mundo, planejar viagens, viajar sozinha e compartilhar minhas experiências. E desde então nunca mais parei.
BAGAGEM E HISTÓRIA PRA CONTAR

Até hoje já conheci 15 países em 3 continentes (África, América do Sul e Europa) e depois de tantas viagens, tanto conhecimento acumulado, de ter ajudado vários conhecidos e desconhecidos e ter compartilhado tudinho no Instagram (me segue lá: @whoisophia) decidi finalmente criar esse site/blog para:
Compartilhar minha paixão e minhas experiências com o máximo de pessoas possível;
Mostrar que mulheres negras viajam, que viajar é possível e inspirar outras pessoas negras a viajarem também e
Ajudar efetivamente outras pessoas a viajarem.
Gosto de dizer que eu sou meu próprio lar e o meu próprio universo em constante expansão. Minha casa é onde está o meu sapato e viajar pelo mundo é o que me move e me faz evoluir como ser humano. Muitas pessoas me inspiraram para que hoje eu estivesse aqui e quero muito dar continuidade à esse ciclo de inspiração. Afinal, minha jornada está só começando! Lembrando que ela é tão (ou mais) importante quanto o destino. Vamos comigo?